Tony Neves, em Jancido – Foz do SousaFaz muitos anos que celebro a Páscoa fora das raízes que me alimentaram nos primeiros tempos da minha vida. Tive a alegria de celebrar este ano o Domingo de Ramos na minha paróquia natal. Um misto de sentimentos me invade, com a tentação de ir sempre buscar imagens e vivências ao baú das memórias, onde encontro sempre recordações de infância muito felizes. E mais: foram celebrações como a deste dia tão simbólico que me marcaram para o resto da vida e imprimiram no meu coração uma relação forte com Deus e com a Igreja.Este Domingo, que abre as portas à grande Semana Santa, leva-me sempre de regresso ao Kuito- Bié e ao Huambo onde vivi as primeiras celebrações de Bênção e Procissão dos Ramos, nas periferias pobres destas cidades angolanas, onde a guerra dizimava de todas as maneiras. Eram tempos duros aqueles em que os jovens partiam para as linhas da frente dos combates e o restante povo era silenciado nos seus gritos de discórdia e de condenados à fome, ao abandono, à ausência completa dos mais elementares cuidados de saúde. Era assim a guerra daquele tempo, como continuam a ser hoje todas. O Papa Francisco usa palavras muito duras, chegando ao ponto de dizer que ela é sempre uma derrota da humanidade. É mesmo!