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Na mesa temos Bia Martins, Paulo Henrique Martins, André Magnelli e Lucas Faial Soneghet. Nesse episódio conversamos sobre as mudanças no mundo do trabalho.
O trabalho é pedra de toque da nossa sociedade. Para muitos, nele reside a essência da espécie humana, aquilo que nos destaca dos demais seres vivos com os quais partilhamos o planeta. É fonte de identidade, motivo de conflito, princípio da organização social. Não é por acaso que mudanças no trabalho sinalizem ou mesmo provoquem mudanças significativas em todos os aspectos da vida social.
Ao longo das décadas de 1970 e 1980, o paradigma do desenvolvimento nacional industrial pareceu encontrar seus limites, não por fatores exógenos, mas pelos efeitos de sua internacionalização e expansão. As palavras de ordem são: financeirização das práticas econômicas, cada vez mais sob o imperativo da especulação financeira em bolsas de valores e sob o comando de acionistas; progressiva dispersão territorial das cadeias produtivas sem alterar a direção do lucro, sob a bandeira ambígua da “globalização”; transformação nos acordos coletivos, isto é, direitos e contratos, em nome da “flexibilização”; adoção de novas tecnologias digitais em uma nova onda de automação do trabalho, não mais por via das máquinas pesadas, mas pelas inteligências artificiais, tecnologias informáticas e algoritmos. Diante de um suposto teto para o crescimento econômico nos moldes definidos no pós-Segunda Guerra, a “única alternativa” se apresenta na forma do Consenso de Washington.
Para o trabalhador e a trabalhadora, não basta aprender seu ofício e nele se especializar, é preciso permanecer qualificado, atualizado e flexível, capaz de solucionar individualmente os problemas socioeconômicos que essa configuração parece multiplicar. Assim como os softwares que permeiam toda a cadeia produtiva, o trabalhador deve se manter sempre preparado e atualizado. Não mais sujeito de direitos, deve se enxergar como empreendedor de si e para si, pois, como diz a fórmula mágica, mais direitos só podem levar a menos emprego. No entanto, o trabalho parece mais barato do que nunca, as horas cada vez mais longas, as salvaguardas institucionais raras e ineficazes, e a pressão de um mundo produtivo em rápida transformação parece cair sobre os ombros de cada um e cada uma, sem garantias de alívio. O que significa trabalhar nesses novos tempos? O que é o trabalho no século XXI?
Tópicos: Trabalho; Capitalismo; Precarização.
Youtube: https://youtu.be/A69MrWw42l4
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