A cada inverno eles são mais numerosos. No começo estavam só no campo e nas periferias, mas hoje já estão por toda a cidade: em Saint-Léonard, em Cote-des-Neiges, Pierrefonds, etc.
Geralmente sem dar a mínima quanto à opinião dos seus vizinhos, os amantes dos Abris-Auto ou Abri Tempo (ou carport) instalam suas casas de plástico sujas e medonhas já quando cai primeira geada e só vão removê-las quando a primavera derreter o solo.
O abris-auto é a imagem da nossa sociedade: protege nossas conquistas e disfarça a nossa falta de bom-gosto.
Parte essencial da paisagem tão importante quanto as piscinas no verão, os esqueletos infláveis no Halloween ou papai-noéis de plástico e metal durante o Natal , o abris-auto é o arquétipo de um certo sucesso social e da preguiça. Tudo criado para simplificar a vida. E não importa se ele é feio e se ele vai acabar no lixão em três anos desde que isso traga o seu conforto.
As cidades exigem que os cidadãos tenham autorização para trocar as janelas das suas casas, para cortar uma árvore, para refazer a fachada de tijolos da casa, autorização até para estacionar em frente da sua própria casa e para renovar estruturas caindo aos pedaços, mas permitem que qualquer um possa instalar essa cabana improvisada na sua garagem. Tudo para o bem-estar de seu carro ! Tem gente que toma menos cuidado com seu animal de estimação ou até com os filhos!
A invenção do abris-auto revolucionou a nossa sociedade tanto quanto a invenção de portas automáticas ou a escada rolante. Será que é tão complicado assim investir na construção de um estacionamento decente, de bom gosto e que combina com a sua casa ? Ou de contratar um serviço de limpeza decente? Ou mesmo arregaçar as mangas (no sentido figurado, claro) e limpar o carro mais cedo?
É fato. Infelizmente os abris-auto transformam as mais belas áreas residenciais em favelas suburbanas. Trabalho, vinho e diversão é são todos tributados, por que não poderíamos taxar a feiúra ?
(Texto traduzido e adaptado do original publicado no Huffington Post Québec)PoDeixar #167 Gerações: a história do Québec
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