Assine o Café Brasil em https://canalcafebrasil.com.br
Meus escritos são simples, meu português é nada mais que mediano, minhas ideias nunca foram sofisticadas. Mas estou além do entendimento de uma parcela importante dos brasileiros. Nunca me conformei em me nivelar por baixo. Sempre que me dirijo a qualquer pessoa, falando ou escrevendo, procuro estar um degrau acima do que – imagino – seja sua capacidade de compreensão. Falo com uma criança de seis anos como se ela tivesse oito. Um jovem de quinze anos como se tivesse dezoito. Um estudante secundário como se fosse universitário. Acredito que assim eu estimulo a pessoa a subir um degrau. A evoluir.
Não consigo tratar adultos como crianças. Ao ver as propagandas políticas, por exemplo, você não tem a impressão de que a qualquer momento o candidato dirá “o titio vai levar você no cinema?” São textos rasos, num linguajar tosco, que deixam claro que para os marqueteiros, povo é um agrupamento de miseráveis ignorantes, analfabetos e incapazes, que devem ser conduzidos da forma mais infantil possível. Aí cabe a musiquinha de fundo, o sotaque caricato, o português errado, os desenhinhos, os exemplos dos miseráveis, os sonhos minúsculos… A coisa só esquenta quando os adversários baixam o nível e começam com os xingamentos: treta!!!!
Afinal, qual é o esforço intelectual para perceber que duas pessoas estão se agredindo? Pouquinho, né? Isso é uma pena.
Quem nivela por baixo, mantem as pessoas onde estão, fala sempre a partir de um degrau abaixo, dificilmente estimula reflexões que prestam. Usa as técnicas maravilhosas do marketing e da comunicação para manter a mediocridade, caso contrário a turma não entende… Essa infantilização não faz bem para a sociedade. Não ajuda a amadurecer os debates. Não estimula ninguém a crescer. E com nosso sistema educacional falido e os meios de comunicação ricos em fórmulas prontas, essa infantilização colabora para que a mediocridade seja não só mantida, mas incentivada.
Seja raso. Não sofistique. Ninguém vai entender. E as consequências estão aí.
Afundados na ignorância, incapazes de sair atrás dos estímulos intelectuais, preferimos acreditar nas verdades simplificadas, nas soluções milagrosas simples de entender, sabe como é? Interpretamos os fatos com base em nosso reduzido repertório. Tiramos nossas conclusões superficiais ou apressadas. Atribuímos as conclusões que nós tiramos a um terceiro e depois atacamos esse terceiro por causa da conclusão que nós tiramos.
Repare como é isso, especialmente nas mídias sociais. Esta semana perdi um tempo precioso dialogando com um sujeito que entendeu o que eu não escrevi. E quanto mais eu explicava, mais ele interpretava e queria discussão. Quando finalmente desisti e comentei que eu podia explicar para ele, mas não podia entender por ele, o cara respondeu:
– Obrigado pela forma carinhosa de me chamar de ignorante.
Percebeu? O que para mim era “você pensa diferente”, para ele era “você é um ignorante”.
Cada um entende como quer. Ou como pode.
See omnystudio.com/listener for privacy information.
Café Brasil 894 - Dezessete e setecentos
Café Com Leite 60- Viva a leitura
Cafezinho 591 - A máquina de m@t@r
LíderCast 290 - Jose Teiga Jr
Cafe Brasil 893 - Por que mentimos
Café Com Leite 59- Por que a Corrupção?
LíderCast 289 - Claudio Lottenberg
Cafezinho 590 - A matemática do troco
Café Brasil 892 - Na Dama De Ferro TV
Café Com Leite 58 – Falando Sobre Corrupção
Cafezinho 589 - 11 de Setembro de 2001
LíderCast 050 - Bia Pacheco revisitado
Café Brasil 891- Indícios probatórios
Café Com Leite Especial - A Flecha Errante Do Imperador
Cafezinho 588 - A IA vai lhe atropelar
LíderCast 288 - Virginia Planet
Café Brasil 890 - Communicare
Café Com Leite 57- O Lápis
Cafezinho 587 - Os livros e eu
LíderCast 287 - Christian Lohbauer
Create your
podcast in
minutes
It is Free