Terminando uma palestra, eu conversava com alguns ouvintes do Café Brasil, quando um deles perguntou:
– Luciano, como é que você lida com as críticas, hein? Você entra em discussão com as pessoas que escrevem ou comentam o programa discordando de você?
E eu comentei com eles que escolho muito bem com quem vou discutir. E não é por arrogância não, mas é por uma questão prática mesmo. O meu bem mais precioso é meu tempo, por isso tenho de ser muito seletivo na escolha de como gastá-lo.
Leonardo Monasterio escreveu sobre A REGRA DOS DOIS DESVIOS, em seu livro Técnicas Avançadas de Sobrevivência na Universidade. Ele diz: “nunca brigue se o adversário for muito melhor ou muito pior do que você em qualquer dimensão: conhecimento, ideologia, inteligência ou porte físico.”
E ele continua: “Se o adversário é muito mais inteligente ou conhece muito melhor o assunto, ouça-o com atenção, faça as perguntas relevantes e aprenda. Não é vergonha. Agora, se o sujeito é burro ou ignorante no assunto, o melhor é desconsiderar. Afinal, qual é a graça de ganhar uma discussão com um cara desses? Não há jeito de se sair bem. Se você vencer a briga, você terá apenas vencido a briga com um idiota. O que, cá entre nós, não é lá grande mérito. Além disso, os observadores sensatos vão lhe julgar como covarde. Agora, se você tropeçar e perder a discussão, você terá perdido para um idiota. O que, também, não vai ficar bem para você. O melhor mesmo é ignorar as críticas cretinas.”
Quem ouve o Café Brasil há algum tempo já conhece essas ideias…
Eu faço assim: se o interlocutor me ofender, é bloc direto, sem discussão. Ofendeu, não tem conversa. Alguém que pretende iniciar uma discussão ofendendo o interlocutor não merece mais que um bloc, que é uma maneira elegante de mandar tomar no c(*).
Depois, se eu reparo que o interlocutor interpretou mal meu argumento, seja por ignorância, preguiça ou simplesmente por não ter entendido o que leu, eu fico na minha. Talvez responda com alguma ironia, mas eu não entro na discussão. Tenho uma preguiça monumental de explicar piadas, sabe como é? E isso vale para argumentos sérios.
Se o interlocutor aparece com argumentos legais, aí eu procuro entrar na discussão. Tanto para mim como para meu interlocutor quanto para quem lê, uma discussão em alto nível é valiosíssima como aprendizado. Mas raramente passo da tréplica, por uma questão de investimento de tempo mesmo.
Quando o tema é realmente interessante, sabe o que eu faço? Transformo num podcast. Quer melhor solução?
Resumindo: eu me importo com as críticas sim, mas eu escolho aquelas com as quais vou me incomodar.
Cheguei naquela altura da vida em que não quero mais estar certo, quero é que não me encham o saco.
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