A curadora da 22ª edição da Flip, a Festa Literária Internacional de Paraty, Ana Lima Cecilio tem 20 anos de experiência no mercado editorial de ponta a ponta, de editora a livreira. Foi ela, por exemplo, quem trouxe a tetralogia italiana de Elena Ferrante ao Brasil, editou obras importantes de Balzac e selecionou os títulos a serem lidos pelos clubes de livros mais pops dos últimos tempos.
Mas, acima de tudo, Cecilio sempre foi uma grande leitora. Ainda muito pequena, na infância, descobriu o mundo dos livros ao ver os pais, médicos, usarem qualquer tempinho de folga para mergulhar na leitura. E foi assim, em casa, aos 11 anos, que se encantou de vez e totalmente pela poesia. Ela conta essa história na edição do Podcast da Semana desta semana em que o assunto é poesia.
"Eu tinha uns 11 anos, foi mais ou menos quando Leminski morreu, e eu me apaixonei de um jeito louco ao entender essa facilidade da poesia. A gente tem um preconceito de achar que a poesia são as redondilhas, os sonetos e aquela ordem trocada, que é difícil entender poesia, mas depois do modernismo brasileiro — e principalmente depois que você passa por essa geração da poesia marginal — a poesia é um estalo. A rima só vem confirmar uma coisa que você já estava vendo", afirma na conversa.
Conhecedora profunda da obra da Hilda Hilst, ela mostra entusiasmo pela poesia feita no Brasil hoje. "É um momento muito rico, eu consigo ver uma geração de poetas", afirma e cita nomes como Ana Martins Marques, Marília Garcia, Bruna Mitrano, Fabiano Calixto e Rodrigo Lobo Damasceno. Segundo a curadora, essa geração tem em comum uma visão para o cotidiano mas também consegue falar de grandes temas políticos.
Na entrevista, Cecilio fala ainda sobre a relação da poesia brasileira com a MPB, "Quando alguém fala para mim que não gosta de poesia, eu pergunto você não ouve Chico, Caetano?", diz —, sobre a ponte que pode fazer com o humor, e sobre como é uma boa porta de entrada para a literatura. "As pessoas têm um preconceito com poesia, é mais inalcançável que é muito difícil, mas ela é um bom começo para quem quer ler e não sabe por onde começar", afirma. "Procure esse poetas contemporâneos, são pessoas que vão te dar a mão."
Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima
Danrley Ferreira: "A maratona é uma prova que te leva ao extremo"
Luciana Paes: "A primeira coisa que se diz é que os homens são mais engraçados que as mulheres"
Luciano Ramos: "A prática antirracista é necessária para a paternidade negra"
Felipe Fortes: "O abuso de telas é o grande tema da parentalidade contemporânea"
Renata Silveira: “A pessoa nunca ouviu uma narração sua, mas só porque é mulher fala mal e abaixa o volume”
Tatiana Roque: "O governo está emparedado, com restrições, mas a comunidade científica está precisando de alguns gestos a mais"
Jerá Guarani: "Tem Guarani muito seguro de que tem que viver todos os dias como se fosse o último, com um agradecimento"
André Alves: "É a insatisfação que nos move"
Luiza Villaméa: "A Torre foi o espaço prisional que mais abrigou presas políticas do Brasil"
Liliana Emparan: "O problema não é a separação, mas o que as pessoas dizem nesse momento"
Bruna Dantas Lobato: "A tradução de um livro é sempre um trabalho autoral"
Renata Ceribelli: "O prazer sempre foi proibido para a mulher"
Alessandra Montagne: "Muita coisa deu errado antes de eu chegar até aqui"
Luciana Saddi, sobre álcool: “Procure saber quando você está realmente com vontade de beber”
Lucas Bulamah: "O desejo é uma fonte permanente de crise"
Teresa Cristina: "O Carnaval renova as minhas energias para o ano inteiro"
Mauricio Stycer: "Puxar assunto sobre novela sempre dá certo"
Gustavo Estanislau: "O bullying pode fazer com que a criança acredite que merece sofrer"
Marcio Atalla: "Construir hábitos saudáveis requer paciência"
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